top of page

Seja amigo de pessoas que queiram o melhor para você!

Eu sempre costumo dizer que não nos relacionamos com pessoas, mas sim com imagens de pessoas que criamos em nossas mentes. No meu entendimento, essa regra é universal, e aplica-se para a família, os amigos, os parceiros e parceiras, colegas de trabalho e etc. Ainda costumo, inclusive, ao me apresentar para novos pacientes, dizer a frase "eu estou Ricardo", e não "eu sou Ricardo" (você vai entender o motivo disso mais tarde).


Quando conhecemos alguém, ou mesmo dentro de nossa própria família, a partir da nossa experiência de vida, pela nossa visão de mundo, nossas crenças, nossos valores, criamos internamente uma imagem daquela pessoa, classificando-a como "simpática ou antipática", "legal ou chata", "bonita ou feia", "humilde ou arrogante", "esforçada ou acomodada", "tímida ou extrovertida", e por aí vai, numa série literalmente interminável de adjetivos, rótulos e classificações.


Apenas para contextualizar, pense por exemplo em uma seleção de emprego. Seria possível realmente conhecer a pleno um(a) candidato(a) através de uma conversa de menos de uma hora que se intitula popularmente como uma entrevista? O que ocorre nesses casos são algumas interpretações, em que o entrevistador, ou entrevistadora, cria imagens em sua cabeça a respeito do(a) candidato(a), e, com isso, avalia se aquela imagem condiz com a busca da empresa para a função oferecida. Caso não, nada feito. Caso sim, prossegue com a contratação.


Mas é na prática que o "bicho pega". É a partir do 1º dia de trabalho em si que a pessoa tem a oportunidade de ao longo dos dias se mostrar como de fato é. Dia após dia, trabalho após trabalho, demanda após demanda, relatório após relatório, a pessoa vai reforçando ou desfazendo aquela imagem criada durante a entrevista. Talvez, inclusive, sejam vistos pontos positivos que não haviam sido possíveis de verificar nas primeiras conversas, da mesma forma que aparecem pontos negativos que podem fazer a empresa acender o sinal de alerta.


E é claro que essa dinâmica do mundo corporativo é apenas uma contextualização, pois o mecanismo de funcionamento se repete na dinâmica da vida pessoal. Serve para mostrar que as pessoas, incluindo eu e você, estão em constante mudança, tanto do ponto de vista da evolução, como, em alguns casos, da involução. A imagem que as pessoas tinham a nosso respeito em 2010 com certeza não condiz com a nossa imagem de 2021. O inverso também é verdadeiro, ou seja, a imagem que tínhamos das pessoas em 2010 não condiz com a imagem delas de 2021. E é por isso que falo sempre "eu estou Ricardo", pois o Ricardo de hoje certamente será bastante diferente do Ricardo de amanhã, quase como que "dois Ricardos diferentes".


Justamente por isso, mais do que nunca, se faz necessário haver clareza do que realmente se quer da vida, o que faz sentido, quais são os valores, qual é a verdadeira busca, tudo, diga-se de passagem, de dentro para fora, a partir do autoconhecimento. Possivelmente você já teve (ou ainda tem?) amizades que, se avaliar hoje o que você realmente quer e espera dessa sua passagem pela Terra, não trazem mais o mesmo significado que outrora trouxeram. E isso é extremamente prejudicial, não só para você, mas para ambos os lados. É como se tivessem disputando um cabo de guerra, onde ninguém consegue sair do lugar, todo mundo fica em uma zona neutra, sem avanço, sem desenvolvimento.


Dizem popularmente que as verdadeiras amizades são as que fazemos na infância, mas eu discordo frontalmente. Por essa lógica quer dizer então que se um amigo de infância resolve ir para o caminho do crime ou das drogas eu preciso manter a amizade para respeitar minhas origens? Para mim, portanto, as verdadeiras amizades são aquelas que são alinhadas em termos de valores (não de opinião, que fique claro!), independente da fase ou momento de vida que forem feitas, assim como independente do tempo que durarem.


Outro dia, assistindo uma entrevista, não lembro exatamente de quem, a pessoa comentou que determinada situação a fazia disparar um gatilho, o suficiente para que entrasse em um quadro de extrema ansiedade. O que ela devia fazer, portanto, já que não queria sofrer com a ansiedade, segundo suas próprias palavras? Evitar aquele tipo de situação!


O mesmo se aplica a respeito das amizades, é só você pensar bem. Existem pessoas que em dado momento de nossas vidas fizeram sentido, mas hoje, ao encontrarmos com elas, são gatilhos para uma imagem que não queremos mais, uma imagem que faz parte do nosso passado, uma imagem que não condiz com a nossa versão atual. E por mais que a gente se esforce, tente demonstrar, agir, fato é que talvez, até mesmo pelas próprias limitações, e não por maldade, a pessoa, ou as pessoas, irão tentar a todo custo nos puxar para aquela imagem antiga, no, voltando a dizer, "cabo de guerra" improdutivo e prejudicial para ambos os lados.


Muitas vezes as pessoas, incluindo nós mesmos, têm dificuldades em aceitar as novas imagens das outras. Jamais conhecemos as pessoas, e sim as imagens, lembre disso. Justificamos, racionalmente, usando frases como "nossa, como você mudou" (como se isso fosse um crime e a pessoa tivesse que nascer e morrer exatamente da mesma forma!). Só que, nesse caso, já que não temos como forçar o outro lado a nada, o que deve ser feito, se não se afastar e abrir espaço para novas amizades? Quando eu falo "se afastar", não significa torcer contra, desejar o mal, pelo contrário, você jamais deve pensar assim. Falo no sentido de perceber que tais pessoas foram importantes ao longo de uma fase, mas hoje, por aquilo que você valoriza, não terão mais o mesmo grau de relevância.


Já ouviu aquele ditado que somos a média das cinco pessoas com quem mais convivemos? Por mais que hajam diversas interpretações e visões a respeito, podemos dizer que sim, de uma forma geral, ele faz sentido. E convém recordar, também, que temos um tempo e uma energia limitados. Temos todos as mesmas 24 horas, independente de nossa condição social, e necessitamos repousar, não podemos estar sempre "elétricos", ativos. Por isso, estão aí duas coisas pelas quais devemos nutrir o máximo cuidado: tempo e energia.


Não sei a sua religião, mas também pouco importa para o contexto. No entanto, em uma passagem da Bíblia, Mateus 6:7, lemos o seguinte: Não deem o que é santo aos cães, nem joguem pérolas aos porcos, pois os porcos pisotearão as pérolas, e os cães se voltarão contra vocês e os atacarão. Sabe o que isso significa, traduzindo para uma linguagem mais acessível, de modo mais simplificado? Seja amigo de pessoas que queiram o melhor para você.


Nem sempre isso é o mais fácil, pois envolve saber se afastar, saber dizer não, ter a coragem de desagradar, rejeitar, se abrir para novos ciclos independente da fase de vida, assim como, inversamente, saber ouvir não, aprender a ser rejeitado e lidar com a contrariedade. Tudo, em última instância, começa e termina em nós mesmos. São as nossas emoções e sentimentos, a partir de dentro, que norteiam aquilo que conseguimos e fazemos fora. A coragem que falta é, em muitos casos, reflexo do que sentimos internamente.


Mas lembre-se: tudo se resume a imagens. As imagens mudam, as pessoas mudam!

ree

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


imagem whats.png
bottom of page