Lula ou Bolsonaro: quem será nosso futuro Presidente?
- Ricardo Lobo

- 15 de set. de 2021
- 5 min de leitura
Nada contra que tenhamos nossas opiniões, crenças e ideologias. Muito pelo contrário, devemos inclusive, pois, em teoria (e isso precisa ficar bem claro), vivemos em um país democrático, onde há uma sociedade democrática, empática, que 'entende' (leia-se deveria entender) que cada um de nós é livre para fazer suas escolhas, e deve assumir a responsabilidade por seus atos e pensamentos.
Em teoria, que fique bem claro, pois, na prática, o que observamos, como antagonista à democracia e a empatia, é o autoritarismo, o absolutismo. Não apenas em termos coletivos, mas nas próprias relações pessoais mais íntimas já se observa isso com uma enorme clareza. Pessoas cada vez menos dispostas a conviver com as diferenças, a respeitar as singularidades, transformando o egoísmo em algo mais bonitinho chamado 'amor próprio'.
Claro, é muito mais fácil justificar socialmente o fim de uma relação, de qualquer natureza, pessoal ou profissional, através do discurso 'eu me amo e não preciso disso', do que falar a verdade, dizendo que não consegue se relacionar por achar que apenas o seu modo de pensar, o seu modo de fazer, as suas opiniões e as suas crenças é que importam. Ninguém quer ser taxado como tirano ou autoritário. É preciso muito cuidado e atenção para não confundir amor próprio com egoísmo.
E se isso ocorre em relações envolvendo duas, três, quatro, ou um grupo menor de pessoas, é claro que demonstra ser um padrão, e, dessa forma, se estende para as relações sociais e coletivas, chegando até a política - principalmente no período em que vivemos.
No último dia 7, dia que se comemoraram os 199 anos da Independência do Brasil, e ocorreram diversos protestos e manifestações pelo Brasil, defendendo as mais variadas causas, de todos os tipos, sejam elas pró ou contra o que você imaginar ou defender, eu optei por silenciar, ou seja, informar para o Instagram que não quero mais ver o conteúdo, de exatamente 50 pessoas, incluindo alguns amigos próximos.
Nada contra, repetindo o que falei no início do texto, que cada um tenha as suas opiniões. Apenas entendo que, se eu não vou obrigar as pessoas a pensarem como eu, pois parto do pressuposto que nem todo mundo possui a mesma ideologia, a mesma visão, o mesmo conhecimento e a mesma criação que a minha, tampouco quero ser incomodado por pessoas querendo determinar aquilo que é certo ou errado, de forma absoluta, desprezando quem pensa diferente, adjetivando por nomes 'carinhosos'. É até algo meio básico, não é mesmo? Por isso opto, dentro da minha liberdade de escolha, em silenciar e não ter mais acesso.
Não sei a sua idade, mas a onda de 'panelaços', atualmente especialmente com gritos de 'Fora Bolsonaro', não surgiu agora. Talvez em 2020 com esse enfoque, mas ocorreram panelaços fortes durante o Governo Lula, durante o Governo Dilma, e até mesmo durante o Governo provisório e transitório de Michel Temer. Talvez desde 2013, ao menos que eu me lembre com mais precisão, tirando a informação da minha própria memória, algumas pessoas criaram o hábito de bater panelas para reclamar daquilo que não estão gostando e aprovando.
Orgulhosamente, eu jamais mexi em uma panela de casa para me manifestar. Prefiro usá-las para fazer um bom risoto aos quatro queijos e apreciá-lo com minha esposa e meu filho, tomando um bom vinho, e uma água (no caso dele). Não que eu não tenha minhas opiniões, não que eu não esteja, de acordo com a circunstância, satisfeito ou insatisfeito. Mas, para isso, tenho um poder incrível na mão, um poder que se chama voto. Jamais passou pela minha cabeça coisas como "vou bater essa panela tão forte para demonstrar minha insatisfação que quem pensa diferente de mim vai se curvar diante do meu protesto e vai me dar razão", ou ainda "vou compartilhar nos stories do Instagram todas as minhas opiniões políticas, porque, de tanto fazer isso, todo mundo vai ver como eu tenho razão".
Ao fazer isso, no mínimo, para ser educado, eu me transformo em alguém chato, arrogante e inconveniente, sem o mínimo de empatia. Ao bater panelas e esbravejar as minhas insatisfações e ressentimentos na janela, estou apenas, na prática, atrapalhando o sono de um bebê que mora no andar de baixo, estragando o clima da janta de uma família, ou quem sabe perturbando o trabalho de alguém que, por conta do momento, precisa trabalhar de casa. Esse é o resultado prático.
A política, de forma geral, abre uma brecha gigante, e preocupante, para que as responsabilidades sejam terceirizadas. Ao eleger vilões e mitos, que muitas vezes estão apenas em um jogo de alternância no poder, fazendo a população de besta e estúpida, pessoas se escondem atrás dessas figuras e esquecem de fazer o que precisa ser feito a fim de melhorarem suas vidas.
Se você quer bater panela, protestar, se manifestar, ficar postando em redes sociais, você tem o direito de fazer isso. Mas faça, porém, tendo bem claro em sua mente duas questões: a primeira, vão existir pessoas que pensam diferente de você, e, para isso, elas têm as suas razões. Respeite, mesmo que não concorde! Segundo, e mais importante, seja responsável pela sua vida.
Dizer 'seja responsável pela sua vida' talvez soe como algo muito vago. O que significa na prática? Apenas alguns exemplos: seja grato pela sua família. Ser grato não é agradecer. É lembrar de tratá-los melhor, pois a vida é passageira e a morte é certa. Portanto, aceite as pessoas como são, esteja presente, simplesmente ame. Trabalhe ao invés de parecer que está trabalhando. Pare de olhar para o desempenho dos outros, pare de se ver como alguém perseguido ou injustiçado, se comprometa com o trabalho, agradeça pela oportunidade e entregue o seu máximo enquanto estiver no ambiente corporativo. Cuide da sua saúde, física e mental. Se comprometa com alguma atividade física, tenha disciplina, crie uma rotina saudável. Seja capaz de pelo menos manter o seu quarto em perfeita ordem. Faça a cama ao acordar, mantenha organizado o espaço.
Tudo isso são coisas que estão diretamente ao seu alcance, independente do poder estar nas mãos de Lula ou Bolsonaro. É mais bonito, e hoje em dia gera mais engajamento, se manifestar e se comprometer em causas grandes, do tipo 'Salve a Amazônia', mas, antes disso, busque comprar um litro de leite e entregue na mão daquele pai ou daquela mãe que pedem no semáforo, em um dia de chuva, com duas ou três crianças a tiracolo. Isso está muito mais ao seu alcance do que salvar a Amazônia.
Tenha um pouco de humildade. Limpe seu quarto. Cuide da sua família. Siga sua consciência. Endireite sua vida. Encontre algo produtivo e interessante para fazer e comprometa-se. Isso é assumir a responsabilidade pela própria vida.
Se você é do tipo que bate panelas, mas falha em algum desses pontos, não passa de uma pessoa que não serve para muita coisa, alguém com quem não se pode contar. E alguém que não serve e não tem utilidade, é, em termos literários, alguém inútil!
Depois que você fizer tudo isso, aí sim, se for alguém com tempo de sobra, se comprometa em algo maior, bata panelas, se manifeste, e faça tudo isso abandonando a ideologia, aceitando o contraditório, mudando de opinião quando tiver que mudar. Lembre-se da frase de Immanuel Kant: o sábio pode mudar de opinião, o idiota nunca.
Lula ou Bolsonaro? Primeiro, assuma a responsabilidade. Assim sua vida já melhora muito, independente de quem estiver no poder.





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