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Estabilidade não existe!

Precisamos conversar sobre a única certeza que temos na vida: a morte. Não custa lembrar que a vida é uma passagem, em algum momento não estaremos mais neste plano físico e material. Não se sabe quando, nem de que forma, mas é certo, certo para mim, certo para você, certo para nossos familiares e amigos. Ninguém escapa.


Sei que muitas vezes não gostamos (e nem convém) ficar pensando e debatendo excessivamente sobre o assunto - se torna caso clínico inclusive quando algo assim é percebido. Queremos ter saúde para desfrutar da vida e para que a morte ocorra o mais tarde possível. E conseguimos, através dos diversos avanços, principalmente na área da saúde, prolongar cada vez mais a nossa expectativa de vida. Em 1940, por exemplo, ano em que nasceu meu já falecido pai, a expectativa de vida média era de, pasmem, 45 anos (talvez próximo a idade de você que esteja lendo esse texto). Por outro lado, em 2019 essa estimativa chegou a 76 anos. Estamos falando de quase 70% de aumento, 31 anos a mais. Os avanços são incríveis e inegáveis.


Mas por que precisamos realmente conversar sobre isso? Chico Anysio, famoso humorista, para mim um dos maiores que já tivemos, falecido em 2012, certa vez disse a seguinte frase "não tenho medo de morrer, tenho pena, porque são tantas as ideias para realizar". É inegável o legado e a contribuição de Chico Anysio para o humor e para a televisão brasileira. Ainda hoje, se você colocar seu nome no Google, verá que sempre existem notícias, atuais inclusive, envolvendo a sua vida e o seu trabalho.


Chico Anysio, inegavelmente, viveu a vida da melhor forma que poderia ter vivido. E a reflexão que fica perante tudo que falamos até aqui, para chegarmos ao ponto central da discussão, é: pior do que morrer, é não viver (guarde esta ideia). Se você está lendo esse texto, você é um(a) vencedor(a). Para estar aqui, vivo, você ganhou a maior de todas as competições que já participou na vida, uma corrida contra outros 300 milhões de concorrentes. Nenhuma competição, nenhuma seleção de emprego, nenhum concurso, nenhuma disputa amorosa, foi tão acirrada quando essa. Por algum motivo, você foi a pessoa escolhida e ganhou o maior presente que já ganhou até hoje: sua vida.


A vida é, portanto, uma dádiva, um presente, um mimo, e cabe a você aproveitá-la da melhor e maior forma que puder, fazendo-a valer a pena. Só que tudo isso, claro, não está sendo dito com o intuito de romantizar ou orientar que você tenha "gratidão" eterna e infinitamente (você irá entender a seguir).


Ao mesmo tempo que você deve saber que a vida é um regalo, que foi o que falamos e buscamos abordar até aqui, também deve ter em mente, em um extremo oposto, que ela não será fácil e nem simples. A primeira das Quatro Nobre Verdades do Budismo nos lembra que "a vida é sofrimento". Tão certo quanto a morte, é a certeza que teremos ao longo de nossas vidas desafios, contrariedades, dificuldades, dores, problemas, perdas, sofrimentos. E é nesse contexto que precisamos deixar bem claro: ESTABILIDADE NÃO EXISTE!


Muitas pessoas idealizam e sonham com uma "vida ideal", onde possam se sentir seguras e confortáveis. Porém, a "VIDA REAL" não está nem aí para a "vida ideal". Você pode ter uma enorme estabilidade em seu emprego e passar por uma perda familiar, um episódio de traição no casamento. Quem sabe ter a família dos sonhos e perder o seu emprego e sua fonte de renda. Ou, ainda, ter uma família 'comercial de margarina', o melhor dos empregos, e se deparar com um psicopata pela frente.


São apenas situações hipotéticas, claro, por mais que possam ter proximidade, em alguns casos, com a realidade, que servem para ilustrar e demonstrar o significado de 'estabilidade não existe', algo que vai muito além do campo profissional, engloba a vida como um todo.


Você tem, de forma bem prática, duas escolhas a fazer: a primeira, que é a que a grande maioria acaba optando, talvez por, a curto prazo, ser a mais simples, é enfrentar todo o tipo de sofrimento inerente da vida, sem nenhum significado, ansiando e sonhando com a dita estabilidade, o que, sejamos sinceros, é a descrição perfeita do inferno em terra. A segunda, é mirar em algo, disciplinar-se, conhecer a si mesmo, enfrentar seus medos, entrar nas suas 'sombras', aceitar suas vulnerabilidades, para, aí sim, ter um sentido e uma direção claras, algo pelo qual valha a pena se sacrificar.


Simplificando o "psicanalês", você pode ter uma vida na média (medíocre) ou pode ter uma vida que valha a pena de ser vivida. Quando você dá um passo em falso ao fazer algo, pode aprender com seu erro. Mas permanecer passivo diante da vida, ainda que justifique e racionalize que esteja buscando assim uma forma de evitar o erro, é um grande equívoco.


Não há felicidade na ausência de responsabilidade, e é isso o que você precisa assumir, responsabilidades. Faça o que precisa ser feito, jamais deixe para o futuro aquilo que você sabe que tem a obrigação de enfrentar no presente. Isso não é e nunca será o mais fácil, mas é assim que a vida se apresenta, a todos nós.


Ao assumir responsabilidades, podemos melhorar psicologicamente, amadurecer, e de fato reparar o que é intoleravelmente errado. Eu espero que você tenha entendido o recado.


Mais do que 'quem você é', mire em 'quem você pode ser', e vá em direção a esse objetivo, dia após dia, pois a morte é certa, estabilidade não existe, e pior do que morrer, é não viver. Faça a vida valer a pena!

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